Algumas narrativas saidas nos encontros da Roda Poética Feminina do Parque


Racismo e machismo, juntos, fazem das mulheres negras as maiores vítimas de violência doméstica no Brasil: 1,5 milhão delas são agredidas anualmente por pessoas conhecidas e o que estamos identificando nas rodas poéticas é que a violência hoje também se manifesta em situações ditas simples como uma ida ao setor de cadastramento de alguns benefícios sociais.

Elas narram, que são questionadas pelo número de filhos que tem, pela TV comprada com sacrifício a perde de vista e outras situações por serem negras e moradoras de uma favela. Buscamos na roda falar sobre esses casos e a fim de não ser tão pesado usamos sempre a poesia como válvula de escape.  São casos de agressão praticadas pela mãe, pelo marido, pelo padrasto e pelo Estado. Em alguns casos, o racismo aparece com mais intensidade que o machismo. E outros, é o machismo que emerge mais claramente. Em todos, a superação aparece como um caminho longo, mas possível de ser trilhado.

Trata-se de uma mensagem de esperança transmitida por quem já viveu situações terríveis. Os encontros na roda cria esperança no compartilhar. 
Algumas dores são fatais. Uma moradora narrou que aos seis anos foi estuprada e ao conta para a mãe, ouviu que isso tinha acontecido por ela ser negra. Toda vez que a mãe dava banho nela esfregava com espoja na tentativa de clarear a pele dela. Hoje aos 36 anos o drama se manifesta na forma como ela lidar com as filhas, que tem o cabelo crespo. 
"Não posso aceita o cabelo delas por isso aliso mesmo. Minhas filhas não vão sofre as humilhações que sofri quando era pequena".
"Se eu fosse uma pessoa estudada e pudesse pegar um microfone, falaria para todo mundo que sempre existe uma saída. Hoje eu digo: apesar de todo o sofrimento, eu sou feliz.”
“No meu primeiro casamento, eu sofri muito minha filha. Muito mesmo. Conheci o inferno em forma de gente. No começo, ele era aquele homem maravilhoso, carinhoso. Mas depois mostrou as garras. Eram agressões físicas, psicológicas... Ele me batia com ferro. Punha revólver na minha cabeça, com uma bala, e fazia roleta russa. Trazia mulheres para dentro da minha casa. Transava com essas mulheres na minha frente. Dizia que eu era magra e que... Eu sou negra, né? Me chamava de preta fedida. Ainda hoje eu tenho medo dele"
"Eu vivi dez anos com ele. Tive uma gravidez atrás da outra porque ele não me deixava ir ao médico, tomar remédio. Com ele, eu tive sete filhos. Não podia nem pensar em ir ao médico para pedir uma receita. Uma vez eu disse que a gente podia usar camisinha, pois o leite estava caro. Ganhei uma cara nova depois desse pedido"
















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