Carta Aberta contra a violência que sofrem os moradores das favelas Parque das Missões e Vila Beira Mar.

Carta Aberta contra a violência que sofrem os moradores das favelas Parque das Missões e Vila Beira Mar.

Duque de Caxias, 20 de Junho de 2019

A diretoria da Associação Apadrinhe um Sorriso, situada na Favela do Parque das Missões, reunida em 18/06/2019, manifesta indignação frente às constantes práticas de violência contra moradores da favela do Parque das Missões e Vila Beira Mar.

O trágico episódio da operação policial ocorrido na data de 18 de Junho na Favela Vila Beira Mar, Município de Duque de Caxias, que vitimou seis pessoas (três mortas e três feridos graves)  é um exemplo de mais uma situação na qual a política de segurança pública do Estado míngua nossos direitos básicos.

Nossa indignação aumenta quando constatamos que tal ato foi pensado e realizado, mais uma vez, em horário de entrada escolar. Horário em que o saber desponta como meio de fugir da dura realidade do cotidiano na favela. As escolas devem ser espaços seguros!
–As crianças atingidas são moradoras da Favela ‘Parque das Missões’ e estudam na outra comunidade pois falta na nossa favela uma unidade escolar que dê conta da demanda desses alunos. Os alunos   precisam ir andando a pé de um ponto ao outro ou aguardam pelo transporte público que faz parte do trajeto até a escola. - Uma das crianças atingidas é nossa aluna e tem nove anos. Letícia é uma menina cheia de sonhos e carinhosa. Ama ler poesias e gibis. Letícia não merecia receber dois tiros e ter seu socorro omitido. Leticia merece continuar sonhando.
Até quando, nós, moradores e moradoras, seremos prisioneiros do medo da violência oriunda da atuação de agentes de segurança do Estado?
Como ficam emocionalmente as pessoas que sobrevivem aos atos de VIOLÊNCIA URBANA? Como ficam  os familiares daqueles que não têm a mesma sorte de sobreviver?
Desejamos que nosso direito de existir não seja atropelado pela política de extermínio do Estado

Prestamos nossa solidariedade aos familiares das duas crianças atingidas e do jovem Maurício de Oliveira Silva vendedor de café .

Não aceitamos que o caso da Letícia se reduza a apenas mais um número dentro da estatística das crianças atingidas por conta da falta de preparo do Estado. Que Letícia não seja mais um Benjamim, morto no complexo do Alemão em 2018, sem que nenhuma medida de justiça ou reparação tenha sido tomada por parte do Estado. 
Não podemos compactuar com esse tipo de prática, razão pela qual exigimos procedimentos de investigação adequados e punição aos agressores.

Associação Apadrinhe um Sorriso.


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