A roda poética veio para ficar e transforma.


O trabalho que desenvolvemos com as rodas poéticas na comunidade do Parque das Missões junto as mulheres negras tem nos mostrando o quanto essa parcela da população é invisibilizada cotidianamente. O feminismo conquistou muitas coisas para as mulheres, mas enquanto a luta das mulheres brancas é por reconhecimento de direitos (direito ao corpo, direito ao mercado de trabalho, direito a melhores condições salariais, direito ao aborto e por aí vai) o que a mulher negra busca é o direito à vida. Dados apontam que são as mulheres negras a parcela da população que mais sofre violência e morre em decorrência dela. É essa parte da população que mais sofre com negação de direitos básicos. Anestesia na hora do parto, violência doméstica - como denunciar morando em uma favela? Casamentos infantis, objetificação dos seus corpos etc.
Com este processo, sentimos a necessidade de articulação com as mulheres organizadas e a poesia possibilita trabalha com dores de uma forma poética.
Tendo sido criada em um lar desestruturado e já tendo passado por violência doméstica no meu casamento o que busco é aliar minha prática com a realidade da comunidade que vivo e busco sempre trabalha para melhora. O que possibilitou minha mudança foi entende que sou vítima e como toda vitima o meu processo de reconhecimento foi dolorido e sair viva dessa dinâmica de silenciamento só foi possível por causa da educação e da leitura. Entendi, que o empoderamento vem através do acesso a informação e hoje trabalho para que cada vez mais mulheres possam ter esse mesmo direito. 


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