Um novo olhar sobre a comunidade do Parque das Missões




 A intencionalidade desse texto é fazer uma reflexão com e sobre a vida cotidiana de um grupo de mulheres da Comunidade do Parque das Missões no município de Caxias, Estado do Rio de Janeiro.
Mulheres negras que trabalham com reciclagem de materiais dispensados pelas grandes empresas e que fazem dessa ocupação fonte de renda e sustento para criar e educar seus filhos e filhas. Filhos e filhas cujos pais (muitos deles) se evadiram ou se perderam em tristes destinos das drogas, do tráfico, dos crimes, do desemprego e do analfabetismo... 
Mulheres que apesar da luta diária nutrem grandes esperanças. Esperanças de que seus filhos e filhas possam viver com mais dignidade e tranquilidade. Possam  crescer e se tornarem — diferentes de seus pais—  cidadãos e cidadãs respeitáveis,  com emprego, carteira assinada, casa e família. Possam enfim interromper o ciclo dessa desgraça do qual são protagonistas e vitimas.
Assim... Olhando para esse lugar quase impossível, lugar que para muitos ainda é invisível que investimos nosso desejo de mostrar um outro olhar, tecer novas formas, qual seja: investigar o cotidiano desse grupo de mulheres, cuja complexidade nos causa espanto e admiração, horror e curiosidade. Pesquisar para saber como elas vivem/agem neste espaçotempo de tantas adversidades em meio à pobreza, ao preconceito e a discriminação tanto racial como de gênero. 

“O mundo nos ver como seres inferiores por sermos pobres, favelas e principalmente por sermos mulheres negras, já ouvi que eu podia tomar um banho, pois eu fedia e eu tinha acabado de tomar banho” (Siomara Silva, 38 anos)

Histórias que aos olhos de muitos, podem parecer “banais” e sem importância, mas que, a nosso ver, pode nos permitir o que Benjamin (1985, p.) nos aconselharia como tarefa necessária: a de contar a história dos vencidos pelo ponto de vista dos vencidos. Escutando-as, para talvez escutar os ecos de outras vozes que emudeceram.  
É com esse compromisso para com aqueles que pensamos empreender esse texto, coletando e reunindo histórias dessas mulheres. Histórias que se passam e nos passam no cotidiano dessas mulheres. Mas não histórias quaisquer. Histórias que mostrem, não só a pobreza e a miséria, mas também a histórias de sua luta diária, de seus sonhos e os desejos que muitos ignoram, tornando-os invisíveis.

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