Apadrinhe um Sorriso faz oito anos

Esse ano o Apadrinhe um Sorriso faz oito anos. Comecei tudo por causa de uma foto (crianças comendo amêndoas que caia em meio ao lixo. A fome não escolhe limpeza.) e por causa de uma pessoa (Regina, hoje minha amiga e meu ponto de apoio).
Quando comecei nunca pensaria, que hoje fosse isso tudo e cada vez crescendo mais e mais.

Tudo veio com 13 amigos (amo esse número) e um sonho que assim que compartilhei foi logo aceito e hoje de 13 somos 798 amigos/padrinhos/voluntários e algo me diz que esse ano esse número vai crescer muito mais.


Do Apadrinhe um Sorriso surgiu o Sarau de Poesia (premiado cinco), a sala de leitura que hoje é um espaço para toda comunidade e a Roda Poética Feminina (que em menos de um ano já mostrou que mulher, negra e de favela tem direitos e sabe como lutar por eles).

Se hoje muitas crianças sabem o que é um museu, um sarau de poesia, um teatro, um recital e graças aos 13 amigos, que lá atras acreditou no meu sonho e hoje ainda acreditam e trabalham comigo para que cada vez mais e mais ele cresça sem perde seu valor básico que é acredita que todos merecem respeito e tem direito.

Quantas vezes me estressei? Quantas vezes eu chorei? Quantas vezes senti vontade de desisti? Quantas vezes eu me perguntei se estava no caminho certo? Muitas e muitas vezes. Vocês sabiam que minha mãe foi contra tudo o que construí ao longo desses oito anos? Sim. Minha mãe argumenta, que é muito estresse para tanta ingratidão por parte de muitos da própria comunidade e mesmo eu falando que faço por precisa e pelas crianças não consigo convence minha coroa.

Gratidão? Essa palavra é tão forte não? Sou super grata por todos aqueles que confiam no que faço, mas tenho medo quando as pessoas que são ajudadas pelo apadrinho me vê como anjo salvadora. Acreditam, que tem mães que choram ao me abraça e querem beijar minha mão como se estivesse pedindo a bença? Sim. Isso é muito assustador. Essas pessoas recebem uma ajuda como se fosse migalhas e agradecem como se não fosse direito delas o recebimento desse apoio.

Eu enquanto cidadã desse mundo não posso me furta em ajuda. Acredito de verdade, que somos a mudança que queremos ver acontecer no mundo. Podemos realiza grandes feitos. Essas mulheres que beijam a minha mão e me abraçam, que levam chá disso e daquilo quando estou doente e se espelham em mim podem fazer o mesmo. Não sou diferente em nada delas. Em nada. A única coisa é que eu apreendi a olhar para fora da favela e com essa mudança de olhar eu entendi que a logica das reais mudanças precisam vir de quem ali vivem . Sou moradora do Parque. Conheço cada criança apadrinhada pelo Apadrinhe um Sorriso. Cada mãe e cada avó. Mesmo aquelas muito novinhas eu sei quem são. Muitos nomes trocados (ninguém é perfeito né?), mas a essência do que realizo se mantém desde o primeiro momento. Essa troca não tem preço.

O Apadrinhe faz aniversário, mas quem ganha é a sociedade. Pois hoje muitos sabem que existe um lugar como o Parque das Missões/Duque de Caxias. Hoje ao passarem pela linha vermelha não é somente um conjunto de blocos que muitos veem e sim um espaço com vida e poesia.

Esse ano vamos dá um grande passo no amadurecimento do nosso trabalho. A partir desse ano o Apadrinhe um Sorriso vai criar novas assas e alçar novos voos em buscar de evoluir para pode transforma mais sujeitos e o Parque como um todo.
Sou apegada ao simples. Prefiro olhares do que abraços. Gosto daquilo que não tem planejamento, aquilo que a gente faz do nada e tem a melhor lembrança. Tenho um pequeno apego com o passado, mas só com as lembranças boas, aquelas que dá gosto de recordar. Gosto das pessoas que não tem medo de ser feliz, daquelas que não se importam os bem materiais e sim com o caráter das pessoas, pois é isso o que mais importa, o que temos por dentro, o que somos, o que sentimos, o que pensamos, essas coisas materiais não dizem quem você é. Não dá pra comprar confiança, nem honestidade.

Gosto daquelas pessoas que sabem aproveitar o momento, aquelas que contam uma piada sem graça só pra fazer alguém rir, aquelas que gostam com o coração. As pessoas que não prometem nada daquilo que não vão cumprir. São as pessoas simples que fazem a vida melhor, são aquelas que gostam de acampar, mesmo que os mosquitos atrapalhem a noite, aquelas que vão a praia não pra exibir o corpo, mas sim pra se divertir com os amigos, aquelas que ficam a noite assistindo filmes e comendo pipoca só porque um amigo ficou doente e não quis deixar ele em casa sozinho. São atitudes simples. A vida não precisa ser tão complexa assim. Um adulto brincar de amarelinha não vai fazer mal. Um sorriso dado de bom grado ao mendigo não irá matar, e ajudar a velhinha a atravessar a rua muito menos, isso só provará o quão bom és de coração.
Ainda tenho imagem como essa (crianças nadando no valão poluído. Lugar esse que para além dos lixos jogados por moradores também é lugar que vira e mexer aparece algo que foge ao mero lixo), mas prefiro ficar com as outras imagens compartilhadas.

Esse texto é para dizer que estou muito feliz pela confiança e dizer que esse ano o Apadrinhe um Sorriso vai ser maior e melhor e com muito maior alcance e vou preciso de cada um aqui marcado para fazer isso acontece.
Sou muito grata a vocês. Muito mesmo.

Aos primeiros o meu muito obrigada.








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