Um Sarau feito por vários sorrisos
O mundo
Eduardo Galeano
Um homem da aldeia de Neguá, no litoral da Colômbia, conseguiu subir aos céus. Quando voltou, contou. Disse que tinha contemplado, lá do alto, a vida humana. E disse que somos um mar de fogueirinhas.
— O mundo é isso — revelou — Um montão de gente, um mar de fogueirinhas.
Cada pessoa brilha com luz própria entre todas as outras. Não existem duas fogueiras iguais. Existem fogueiras grandes e fogueiras pequenas e fogueiras de todas as cores. Existe gente de fogo sereno, que nem percebe o vento, e gente de fogo louco, que enche o ar de chispas. Alguns fogos, fogos bobos, não alumiam nem queimam; mas outros incendeiam a vida com tamanha vontade que é impossível olhar para eles sem pestanejar, e quem chegar perto pega fogo.
Mudei ano passado as regras do Apadrinhe de Natal e comuniquei aos responsáveis.
Muitos não me levaram há serio. Deixei o tempo mostra a seriedade das minhas palavras.
Oito meses depois começaram vir como pombos perguntando pelo cadastro das crianças.
Disse que somente crianças do sarau vão ser apadrinhadas e que o cadastro já estava acontecendo desde o primeiro sarau do ano e que as 230 crianças e jovens cadastradas são os que participam desde o inicio das atividades desenvolvidas pelo projeto.
Hoje o sarau estava tão cheio de ficarmos batendo um contra o outro (impressionante).
Na parte da tarde tínhamos dentro da sala de leitura 112 crianças e dessas 112 somente 74 são ativas desde o inicio do sarau.
Surpresa? Nem um pouco.
Só digo uma coisa: segue o baile.
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