Audiência Pública sobre obra no Parque das Missões

Aconteceu no dia 17 de Novembro uma Audiência Pública de grande importância no Parque das Missões, onde a população lotou o CIEP 350 para ouvir a empresa Rio Minas sobre a construção de um cais de atracação e drenagem na foz do Rio Irajá e Canal do Fundão e construção de dois galpões para armazenagem.

O poder público esteve representado pelo INEA (Instituto Estadual do Meio Ambiente), órgão do governo do Estado que decidirá sobre o licenciamento do empreendimento orçado em mais de R$ 100 milhões. Uma ausência foi sentida: nenhum representante da Prefeitura de Duque de Caxias, sequer representação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, órgão que deveria estar diretamente interessado.

Os moradores reclamaram da falta de políticas públicas na comunidade, em especial saneamento básico, educação, saúde, meio ambiente, habitação popular. Mesmo com tamanho investimento, a empresa apresentou apenas para a comunidade a realização de alguns cursos e a POSSIBILIDADE de empregos para moradores.

Infelizmente, o presidente da Associação de Moradores do bairro fez o lamentável papel de louvar a empresa a todo o tempo, sem levar em consideração nenhuma as preocupações sócioambientais que a comunidade vem sofrendo e ainda dizer que "a comunidade já esteve pior", amortecendo as críticas da população.

Parabéns aos moradores que não se intimidaram e fizeram as justas e urgentes cobranças de políticas públicas.

Sobre a retirada das casas que fica na área da "Colombia do Parque", o que foi dito pelos que ali estavam representando a empresa foi que os mesmos não vão poder resolver isso, pois, sendo uma empresa privada, podem somente prestar um auxílio e não tomar para si o trabalho que deveria ser do Estado.

O presidente da Associação dos Moradores falou ao longo das falas dos representantes da empresa Rio Minas e do INEA que tudo estava "bonito", e eu me pergunto, o que estava bonito ali? Tendo em vista que uma comunidade que tem 16 mil moradores não pode contar com um serviço de saúde de qualidade, pois o único posto de saúde que atende à população não tem médico, agentes de saúde suficientes que possam suprir a população que precisar fazer uso desse serviço.

Como está bonito um lugar que tem uma creche que não atende a demanda das mães que precisam trabalhar? Em que os profissionais exercem além das suas funções, pois trabalham em um regime de escravidão para poder suprir a demanda das crianças que o espaço atende.

Como "tá bonito" uma escola que está literalmente afundando? Em que as crianças e jovens que ali estudam não podem contar com uma educação de qualidade que atenda os princípios básicos da educação? Respeito aos seus sonhos e a seus crédulos?

Me pergunto o que seria estar bonito quando não vemos nenhuma atividade que aproxime essas crianças e jovens do mundo do esporte, educação e trabalho. O que vemos são crianças brincando no meio do lixo, crianças que vivem abaixo da linha da pobreza.

O que vejo são quadros feios, pois o referencial dessas crianças e jovens são outros jovens que não tiveram oportunidade de estudar e por isso hoje exercem um vínculo com o tráfico de drogas. Precisamos evoluir muito ainda para podermos falar que o quadro que vemos hoje ali está bonito.

Texto e foto: Fabio Pereira e Fabiana da Silva

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